Nome científico | Saccharum officinarum L. |
Família | Gramináceas |
Sinonímia popular | Cana |
Sinonímia científica | Saccharum edule HassK. |
Parte usada | Raiz, colmo, folha. |
Propriedades terapêuticas | Galactogênica, antidiurético (infusão das folhas), diurético (decocção das raízes), hipotensor, antiparasitário. |
Princípios ativos | Polissacarídeos pécticos, ligninas e ácidos fenólicos, ácidos pcou-márico, ferúlico e sinápico. |
Indicações terapêuticas | Distúrbios dos rins, fadiga, estômago, aumentar lactação, insônia, parasitas intestinais, anginas, úlceras da córnea, rachas dos seios, aftas, envenenamento, pneumonia, tuberculose, escarlatina, erisipela, cólera, febres, vômitos da gravidez. |
1. Informações Complementares a) Outros sinônimos científicos Saccharum sinense Roxb. Saccharum violaceum Tussac * Nome em outros idiomas Alemão: Rohrzucker |
Inglês: sugar-cane
Francês: canne à sucre
Sânscrito: Ikshava
Espanhol: caña de azúcar
b) Origem
Ásia, provavelmente Índia ou Polinésia.
c) Princípios ativos
Do extrato das raízes foi isolado éter glicosídeo aromático denominado vaniloil – 1 – O – beta-glucosídeo acetato. Foi isolado também o policosanol, um álcool alifático com alto peso molecular, capaz de diminuir os índices de colesterol em voluntários hipercolesterolêmicos.
O policosanol também foi capaz de prevenir as lesões espontâneas ateroscleróticas e na isquemia cerebral em animais. O efeito antioxidante do policosanol foi observado sobre a peroxidação lipídica de membrana de fígado.
Além de hipocolesterolêmico, é antiplaquetário e não apresentou efeito tóxico.
2. Um pouco de história
Os mais antigos livros sagrados dos Hindus já associam a planta à mitologia, podendo considerar-se a sua introdução na China como relativamente recente, talvez pouco antes da era cristã.
Quanto à expansão para o Ocidente, da planta e seus produtos, os dados históricos permitem estabelecê-la no IV século antes de Cristo, quando Alexandre, o Grande regressou da Índia,
Sabe-se que no século VIII da nossa era, quase todas as terras férteis do Egito estavam ocupadas pela cultura da cana. Os mouros, conquistando a Espanha, aí introduziram a cultura da cana.
Na Idade Média, a maior parte do açúcar era consumido na Europa, vinha do Oriente, sendo Veneza a monopolizadora desse comércio. Mas devido à guerra contra os Turcos, houve a extinção deste mercado famoso, anos antes do descobrimento do caminho marítimo para a Índia.
Tendo os portugueses implantado a cultura da cana na ilha da Madeira, em 1420, e os espanhóis também nesta época no arquipélago das Canárias, obteve-se em breve prazo a popularização do açúcar, tornando-o acessível até para as classes mais pobres, pois até então o produto era limitado aos hospitais, às casas dos ricos e aos boticários.
A descoberta da América, particularmente do Brasil, consolidaram a conquista, se considerarmos o formidável consumo atual do produto.
Certamente há no comércio açúcares provenientes de outras plantas e os quais são quotidianamente consumidos em extensas zonas, destacando-se entre eles o da beterraba, cuja produção também é enorme. Mas o açúcar de cana excede ainda em quantidade a todos os demais reunidos.
Os primeiros exemplares que chegaram ao Brasil, vieram da ilha da Madeira em 1502, de lá mesmo vieram outros, trinta anos depois, remetidos por Martim Afonso de Souza, para a sua capitania de São Vicente, no atual estado de São Paulo, de onde foi prontamente disseminada por todo o litoral do país, a tal ponto que, poucos anos mais tarde, em 1550, existiam numerosos engenhos que fabricavam açúcar superior ao da Índia, sendo este desenvolvimento industrial fortemente impulsionado pelos alvarás de 1559 e 1560, que isentaram os direitos a respectiva exportação.
As plantações de cana nos Estados do Norte, tornaram-se depressa as mais importantes do país, havendo razões para acreditar que Pernambuco em 1526, já exportava açúcar para Lisboa.
Em meados do século XVII, o Brasil havia se tornado o centro principal de produção de açúcar. Porém situação não se manteve, pois reduziu ano a ano sua produção devido a concorrência, cada vez maior, do açúcar produzido em numerosas colônias e que barateou demasiado os preços na Europa.
Ao cabo de 250 anos de cultura intensa, se reconheceu a imperiosa necessidade do melhoramento dos nossos canaviais, replantando-os com as variedades exóticas então mais reputadas. É assim que a primitiva cana, que ficou sendo chamada crioula ou Mirim, foi pouco a pouco sendo substituída pela Cayenna ou Bourbon, entrada no país por várias vias e vezes.
3. Dosagem indicada
a) Aumentar a lactação, tratar insônia
O suco do colmo da planta, duas vezes ao dia.
b) Diurético, hipotensor
Decocção de suas raízes.
c) Anti-diurética
Infusão das folhas.
d) Distúrbios dos rins e combater parasitas
Decocção dos bulbos.
4. Propriedades
a) Uso medicinal
É um alimento nutritivo e do qual não se perde partícula nenhuma, retardador da fadiga e fonte poderosa de energia, queimando-se parcialmente no sangue, mantendo sempre a tensão muscular, sendo que os músculos em ação rejeitam qualquer outro alimento, dando-lhe preferência, mas não basta à alimentação humana, por faltar-lhe o nitrogênio.
Substância que excita a secreção das glândulas salivares e a atividade do estômago, todavia sua exagerada ingestão pode ter sérias consequências, tais como a constipação do ventre, as afecções das gengivas, a corrosão dos dentes, a ulceração da boca, assim como os embaraços gástricos e uma super-secreção do ácido úrico.
Na região amazônica, o suco do colmo da planta, duas vezes ao dia, é utilizado para aumentar a lactação e para tratar a insônia.
Na região da Mata Atlântica, a infusão das folhas é usada como antidiurético, ao passo que decocção das raízes é amplamente usada como diurético e contra hipotensão.
A decocção dos bulbos é usada contra distúrbios dos rins e para expulsão de parasitas intestinais.
Outras indicações incluem a referência de que a espécie é útil internamente contra resfriados e anginas e externamente, contra úlceras da córnea, rachas dos seios, aftas, envenenamento com arsênico, chumbo e cobre, além de o açúcar servir para combate à pneumonia, tuberculose, escarlatina, erisipela, cólera, febres, vômitos da gravidez.
Muito utilizado na indústria farmacêutica, o açúcar entra para corrigir e mascarar o sabor desagradável de certos medicamentos, que se administram em forma de xaropes, elixires, pastilhas etc.
O mais simples dos xaropes se prepara somente com água e açúcar. Sua simplicidade se supera quando se usa água destilada. Se nesta água se encontram dissolvidas substâncias adequadas, resultam os xaropes medicinais. No lugar da água, pode-se preparar também com infusões e cozimentos de plantas, ou com suco de ervas e frutos, e neste caso o açúcar atua como conservador e evita que entrem em fermentação e se decomponham.
b) Uso Culinário
PÉ-DE-MOLEQUE PANTANEI-RO Ingredientes: 2 rapaduras simples 3 xícaras (chá) de água 1 pedaço de gengibre, cravos 1kg de amendoim sem casca 1 xícara de farinha de mandioca |
Preparo:
Partir as rapaduras em pedaços e derreter na água quente. Levar ao fogo e deixar ferver até o ponto de bala. Juntar o amendoim torrado, reservando 1 xícara de amendoim inteiro. Colocar o gengibre e os cravos. Quando estiver engrossando, retirar do fogo e bater até começar a açucarar. Despejar numa tábua polvilhada com farinha de mandioca, salpicar os amendoins descascados sobre a massa. Cortar em losangos ou quadradinhos e servir.
FURRUNDU DO PANTANAL (FOTO) Ingredientes: 1 kg de tronco de mamoeiro 2 rapaduras de cana-de-açúcar Gengibre, cravo e canela Preparo: |
Ralar o pedaço de tronco do mamoeiro, lavar bem até tirar o leite. Levar ao fogo com a rapadura, gengibre, cravo e canela. Cozinhar até ficar no ponto de colher ou tabletes, tendo o cuidado de mexer sempre para não pregar.
PUDIM NATURAL DE LEITE
Ingredientes:
8 copos de leite (médio); 8 ovos
1 xícara de açúcar; 1 colher de baunilha
Preparo:
Bater tudo no liquidificador e despejar em forma própria para pudim, previamente preparada com calda caramelizada. Assar em banho-maria ou micro-ondas até que o palito espetado no pudim saia limpo.
Essa receita é boa para quem quer reduzir a quantidade de açúcar, o que não se consegue com leite condensado. Você usa quanto quiser de açúcar e fica uma delícia. Se o leite for orgânico e os ovos caipiras, então a coisa fica bem boa mesmo.
BALAS DE GOMA
Ingredientes:
1,2 kg de batata doce
1 kg de açúcar
2 pacotes de gelatina com sabor
1 pacote de gelatina sem sabor
1 vidro de leite de coco
Preparo:
Leve ao fogo por 30 minutos ou até que fique no ponto, que é uma massa firme, porém macia. Despeje em forma untada e corte em pedacinhos, passando pelo açúcar refinado para dar o acabamento. Esta é mais uma opção de doce para as crianças, sendo muito mais nutritivo que os doces convencionais.
5. Outros usos
Notável agente de conservação da carne e do peixe, e no estado de solução concentrada, de quaisquer doces, compotas, geleias, xaropes e medicamentos.
Além de fornecer a garapa, o álcool, a cachaça, o açúcar mascavo, a cana-de-açúcar fornece também o tão usado açúcar cristal e refinado, utilizados em grandes quantidades na indústrias alimentícia e nas residências.
Desde longos anos se procura transformar a garapa, devidamente fermentada, em vinho branco, porém difícil é excluir por completo o aroma e o sabor característicos da cana, pois enquanto estes persistirem, não será um vinho perfeito.
O bagaço da cana foi largamente empregado como combustível, além do que é uma fonte rica de celulose.
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